
Embora  causem grande espanto e indignação quando anunciados, os  crimes de  exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes muitas  vezes  acabam relegados ao silêncio e à impunidade. Por esse motivo, o  dia 18  de maio foi instituído como 
Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.   A data relembra o caso de Araceli Cabrera Sanches, de oito anos,   raptada e estuprada por membros de família tradicional de Vitória em   1973, crime que até hoje permanece impune. A mobilização é uma forma de   manter viva na memória a necessidade de reafirmar a responsabilidade de   toda a sociedade brasileira em garantir a proteção de crianças e   adolescentes contra crimes de natureza sexual e de quebrar o silêncio.
À frente da mobilização para o dia 18 de maio está o 
Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes que, em parceria com a 
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – SDH/PR e com o apoio da 
Comissão Intersetorial de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, iniciaram no último domingo (13/05) a campanha 
Faça Bonito. Confira aqui a 
programação das atividades do dia 18.
Entenda a questão

(Fonte: Childhood Brasil)
Um primeiro desafio para o enfrentamento do abuso e da exploração   sexual de crianças e adolescentes é reunir dados. Segundo Rosana   Junqueira, coordenadora de Programas da 
Childhood Brasil,   é difícil dizer qual a real extensão do problema. “É uma causa com   poucos dados registrados. O que temos como fonte de informação é o   número de denúncias, o que não quer dizer que não existam mais casos que   não estejam sendo denunciados. Entre as denúncias recebidas pelo 
Disque 100, 32% são de violência sexual. É um problema que existe em todos os setores sociais”, explica.
A coordenadora refere-se ao 
Disque Denúncia Nacional – Disque 100 que, entre maio de 2003 e março de 2011, registrou 50.135 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes. O 
Disque 100 é o primeiro canal de denúncia recomendado pela coordenadora da 
Childhood Brasil.   “Para fazer a denúncia, as pessoas devem também entrar em contato com o   Conselho Tutelar, que poderá agir de forma mais rápida e efetiva.  Outro  canal que recomendamos é a delegacia de polícia mais próxima”,  orienta  Rosana.
Confira   quais são os órgãos especializados para receber denúncias e      atender  crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.
Exploração nas rodovias
As estradas brasileiras são locais vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes. O 
Programa Na Mão Certa, iniciativa da 
Childhood Brasil,   promoveu um pacto entre 1.160 empresas para enfrentar essa   vulnerabilidade mobilizando a sociedade em torno da questão. O programa   procurou sensibilizar os motoristas de caminhão e torná-los agentes de   proteção nas rodovias. “Procuramos sensibilizar o motorista para que  ele  diga não. Ele, como adulto, tem o papel de proteger e educar as   crianças e adolescentes e de denunciar”, conta Rosana Junqueira.
O 
Na Mão Certa foi baseado na pesquisa 
O perfil do caminhoneiro do Brasil,   realizada em 2005 para traçar o perfil dos motoristas de caminhão   brasileiros. Entre outras questões, a pesquisa também abordou a questão   da exploração sexual nas estradas. Segundo Rosana Junqueira, 62% dos   caminhoneiros responderam que não fariam programas com crianças ou   adolescentes, enquanto que 38% responderam que já haviam feito. Desde   2006, o 
Na Mão Certa conseguiu mobilizar cerca de um   milhão de motoristas de caminhão, alcançando significativo avanço. Em   nova pesquisa realizada em 2010, 82% dos caminhoneiros disseram que não   fariam programas com crianças e adolescentes.
Além das estradas, outra preocupação são os grandes eventos   esportivos que terão o Brasil como sede. “Outros países registraram um   agravamento muito grande da exploração sexual de crianças e adolescentes   durante grandes eventos esportivos. É preciso que a sociedade se    prepare para os eventos com ações desde muito antes do período em que   são realizados”, observa Rosana.
Plano Nacional
“O enfrentamento deve acontecer por todos os lados. A população   precisa estar mobilizada para denunciar e o Sistema de Garantia   preparado para atender as denúncias e as vítimas”, afirma a coordenadora   da 
Childhood Brasil. Rosana lembra que o 
Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil,   elaborado em 2000, define as diretrizes gerais para a política pública   de enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil. A partir do 
Plano Nacional, foi criada a 
Comissão Intersetorial de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes  e buscou-se o fortalecimento das redes locais. Foram realizadas   campanhas de sensibilização e para a adesão de organizações públicas e   privadas à causa e foram instaladas delegacias e varas especializadas em   crimes contra crianças e adolescentes em alguns Estados. “O Plano já   está implementado e cada Estado e município deve desenvolver o seu a   partir do plano nacional”, explica Rosana.
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Bernardo Vianna / VIA blog