13 de setembro de 2011
Diretores de escolas, professores, estudantes, pais e pesquisadores já podem consultar as médias obtidas pelos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010. Divulgados nesta semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), os resultados foram apresentados por escola, levando-se em conta o percentual de estudantes das unidades de ensino que participaram do exame. A mudança na forma de apresentação dos dados pretende reduzir distorções na divulgação dos resultados no caso de escolas em que a participação dos alunos é pequena.
Pelo sistema adotado pelo Inep, é possível verificar ainda as médias de todas as escolas do Brasil, por modalidade de ensino, com resultados obtidos para o ensino médio regular, educação de jovens e adultos e as duas etapas em conjunto. Além de estarem disponíveis as médias separadas das quatro áreas objetivas avaliadas no exame, a da redação e a geral — prova objetiva mais redação.
Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, a divulgação das médias do Enem por escola é um elemento de mobilização pela melhoria da qualidade do ensino, por auxiliar professores, diretores e demais dirigentes educacionais na reflexão crítica sobre o processo educacional da escola, além de subsidiar políticas educacionais.
No uso dos resultados, deve-se observar que, para algumas escolas, o número de participantes foi pequeno — uma reduzida taxa de participação torna a nota média pouco representativa do conjunto de estudantes da escola. Note-se também que mesmo para as escolas com alta taxa de participação, pode não estar representado o desempenho médio que a instituição de ensino obteria caso todos os estudantes tivessem feito as provas, considerado o caráter voluntário do exame.
Participaram das provas do Enem mais de 3,2 milhões de estudantes. Entre eles, 1 milhão são concluintes do ensino médio regular.
Abaixo da média
Responsáveis por 88% das matrículas do ensino médio do país, as escolas públicas são maioria entre as que ficaram com nota abaixo da média nacional no Enem. Entre os estabelecimentos de ensino que tiveram desempenho inferior à média nacional na prova objetiva (511,21 pontos), 96% são públicos. Esse dado descarta os colégios que tiveram participação inferior a 2% ou com menos de 10 alunos inscritos e por isso não obtiveram nota final.
No total, 63% das escolas que participaram do Enem no ano passado ficaram com desempenho inferior à média nacional. Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, a distância entre os resultados é “intolerável” e precisa ser reduzida. Ele avalia, entretanto, que muitas vezes o baixo desempenho está relacionado não apenas às condições da escola, mas de seu entorno.
“Às vezes, as condições socioeconômicas das famílias explicam muito mais o resultado de uma escola do que o trabalho do professor e do diretor. E, muitas vezes, as escolas são sobrecarregadas com responsabilidades que não são 100% delas. É muito diferente uma escola de um bairro nobre de uma região metropolitana de classe média, cujo investimento por aluno é dez vezes o investimento por aluno da rede pública, de uma escola rural que atende a filhos de lavradores que não tiveram acesso à alfabetização”, pondera o ministro.
Considerando apenas as escolas com alto índice de participação no exame (mais de 75% dos alunos), apenas uma pública está entre as 20 melhores do país: o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A média obtida pela escola mineira foi 726,42 pontos, levando em conta a média entre a prova objetiva e a redação.
Para Mozart Neves Ramos, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do Conselho de Governança do movimento Todos Pela Educação, a ausência de escolas públicas entre as melhores do Enem não é novidade e deriva da desigualdade de acesso a oportunidades educacionais no país.
“As avaliações mostram que essa desigualdade [da qualidade do ensino oferecido por públicas e particulares] começa lá atrás e vai se acentuando ao longo do percurso escolar. O jovem da escola particular chega ao nível de formação e aprendizado esperados quando termina o ensino médio, mas o da escola pública chega com três ou quatro anos de déficit na aprendizagem. A luta é desigual”, avalia.
Para conhecer os resultados de cada escola acesse o site do Inep.
Com informações da Agência Brasil e do MEC
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